segunda-feira, 3 de maio de 2010

HIPÓTESES DA ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO

Curso Proinfo

Produção de um “hipertexto” sobre Alfabetização:

Emilia Ferreiro - A estudiosa que revolucionou a alfabetização

A psicolinguista argentina desvendou os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e escrever, o que levou os educadores a rever radicalmente seus método.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Nenhum nome teve mais influência sobre a educação brasileira nos últimos 20 anos do que o da psicolinguista argentina Emilia Ferreiro. A divulgação de seus livros no Brasil, a partir de meados dos anos 1980, causou um grande impacto sobre a concepção que se tinha do processo de alfabetização, influenciando as próprias normas do governo para a área, expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais. As obras de Emilia – Psicogênese da Língua Escrita é a mais importante – não apresentam nenhum método pedagógico, mas revelam os processos de aprendizado das crianças, levando a conclusões que puseram em questão os métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita. "A história da alfabetização pode ser dividida em antes e depois de Emilia Ferreiro", diz a educadora Telma Weisz, que foi aluna da psicolinguista.

Foto: Antônio Vargas

Emilia Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança – ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emilia Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita. De maneira equivocada, muitos consideram o construtivismo um método.

Tanto as descobertas de Piaget como as de Emilia levam à conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado. Elas constroem o próprio conhecimento – daí a palavra construtivismo. A principal implicação dessa conclusão para a prática escolar é transferir o foco da escola – e da alfabetização em particular – do conteúdo ensinado para o sujeito que aprende, ou seja, o aluno. "Até então, os educadores só se preocupavam com a aprendizagem quando a criança parecia não aprender", diz Telma Weisz. "Emilia Ferreiro inverteu essa ótica com resultados surpreendentes."

O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos mecanismos deduzidos por Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo depende de uma assimilação e de uma reacomodação dos esquemas internos, que necessariamente levam tempo. É por utilizar esses esquemas internos, e não simplesmente repetir o que ouvem, que as crianças interpretam o ensino recebido. No caso da alfabetização isso implica uma transformação da escrita convencional dos adultos (leia mais sobre as hipóteses elaboradas pelas crianças na tentativa de explicar o funcionamento da escrita). Para o construtivismo, nada mais revelador do funcionamento da mente de um aluno do que seus supostos erros, porque evidenciam como ele "releu" o conteúdo aprendido. O que as crianças aprendem não coincide com aquilo que lhes foi

http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/estudiosa-revolucionou-alfabetizacao-423543.shtml

HIPÓTESES DE ALFABETIZAÇÃO SEGUNDO EMILIA FERREIRO E ANA TEBEROSKY.

Por acreditarem que a criança busca a aprendizagem na medida em que constrói o raciocínio lógico e que o processo evolutivo de aprender a ler e escrever passa por níveis de conceitualização que revelam as hipóteses a que chegou a criança, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky definiram , em seu Psicogêne da Língua Escrita, cinco níveis:


• Nível 1: Hipótese Pré-Silábica;
• Nível 2: Intermediário I;
• Nível 3: Hipótese Silábica;
• Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II;
• Nível 5: Hipótese Alfabética.

A caracterização de cada nível não é determinante, podendo a criança estar em um nível ainda com características do nível anterior. Essas situações são mais freqüentes nos níveis Intermediários I e II, onde freqüentemente podemos nos deparar com contradições na conduta da criança e nos quais se percebe aa perda de estabilidade do nível anterior e a não estabilidade no nível seguinte, evidenciando o conflito cognitivo.

• Nível 1: Hipótese Pré-Silábica;
A criança:
- não estabelece vinculo entre fala e escrita;
- demonstra intenção de escrever através de traçado linear com formas diferentes;
- usa letras do próprio nome ou letras e números d\na mesma palavra;
- caracteriza uma palavra como letra inicial;
- tem leitura global, individual e instável do que escreve: só ela sabe o que quis escrever;


• Nível 2: Intermediário I;
A criança:
- começa ater consciência de que existe alguma relação entre pronuncia e a escrita;
- começa a desvincular a escrita das imagens e os números das letras;
- conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.

• Nível 3: Hipótese Silábica;
A criança:
- já supõe que a escrita representa a fala;
- tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras;
- já supõe que a menor unidade de língua seja a sílaba;
- em frases, pode escrever uma letra para cada palavra.

• Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II;
A criança:
- inicia a superação da hipótese silábica;
- compreende que a escrita representa o som da fala;
- passa a fazer uma leitura termo a termo; (não global)
- consegue combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons, sem tornar, ainda, sua escrita socializável. Por exemplo, CAL para cavalo.

• Nível 5: Hipótese alfabética.
A criança:
- compreende que a escrita tem função social;
- compreende o modo de construção do código da escrita;
- omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica;
- não tem problemas de escrita no que se refere a conceito;
- não e ortográfica e nem léxica.

A alfabetização não é mais vista como sendo o ensino de um sistema gráfico que equivale a sons. Um aspecto que tem que ser considerado nessa nova perspectiva e que a relação da escrita com a oralidade não é uma relação de dependência da primeira com a segunda, mas e antes uma relação de interdependência, isto e, ambos os sistemas de representação influenciam-se igualmente.
Temos então que a concepção que em geral se faz a respeito da aquisição da linguagem escrita, corresponde a um modelo linear e “positivo” de desenvolvimento, segundo o qual a criança aprende a usar e decodificar símbolos gráficos que representam os sons da fala, saindo de um ponto ‘x’ e chegando a um ponto ‘y’.
O dia a dia apresentado pelos alunos que ingressam nas séries iniciais, mostra-se preocupante, considerando que a cada momento, o educador encontra-se diante de alguns obstáculos, principalmente quando se refere à leitura e suas interpretações.Essa dificuldade embora comuns, se difunde em outras, como interpretação de textos, ditado, cópia e etc..., o que numa linguagem atual se reporta às técnicas de redação. Entende-se que cada aluno apresenta sua dificuldade, alguns tem bloqueios para escrever, expressar suas emoções, falar etc. Nesse contexto, o professor precisa estar atento a essas dificuldades, a fim de criar mecanismo para seu enfrentamento, reconhecendo que na fase inicial, a criança absorve o que lhe é repassado e incorpora valores que no decorrer da vida escolar, se contemporizam com outros, podendo gerar conflito ou dificuldades.

http://www.artigos.com/artigos/humanas/educacao/hipoteses-de-alfabetizacao-segundo-emilia-ferreiro-e--ana-teberosky.-4837/artigo/

Você sabe interpretar as hipóteses de escrita de seus alunos?

Identificar corretamente as hipóteses de escrita dos alunos é fundamental para um bom planejamento das atividades e para a formação de grupos produtivos.

As crianças, os jovens e os adultos não alfabetizados formulam ideias sobre o funcionamento da língua escrita, antes mesmo de frequentarem (ou voltarem a frequentar) a escola. Essas teorias internas evoluem por meio de reflexões que o próprio aluno faz sobre o sistema de escrita ao longo do tempo (e ninguém pode fazer por ele) e também por meio das interações que realiza com as informações que o ambiente lhe oferece. Trata-se de uma evolução conceitual e não exclusivamente gráfica. Por isso, o professor precisa buscar descobrir o que o aluno está pensando sobre a escrita naquele momento, mais do que avaliar se consegue desenhar bem cada uma das letras. Identificar as hipóteses de escrita de cada aluno é condição primordial para planejar as atividades adequadas e, principalmente, os agrupamentos produtivos na turma.

Um pouco mais sobre a interpretação de hipóteses de escrita:

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Pré-silábica, sem variações quantitativas ou qualitativas dentro da palavra e entre as palavras. O aluno diferencia desenhos (que não podem ser lidos) de “escritos” (que podem ser lidos), mesmo que sejam compostos por grafismos, símbolos ou letras. A leitura que realiza do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação de caracteres dentro da palavra, mas não entre as palavras. A leitura do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação de caracteres dentro da palavra e entre as palavras (variação qualitativa intrafigural e interfigural). Neste nível, o aluno considera que coisas diferentes devem ser escritas de forma diferente. A leitura do escrito continua global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Silábica sem valor sonoro convencional. Cada letra ou símbolo corresponde a uma sílaba falada, mas o que se escreve ainda não tem correspondência com o som convencional daquela sílaba. A leitura é silabada.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Silábica com valor sonoro convencional. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, em geral representada pela vogal, mas não exclusivamente. A leitura é silabada.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Silábico-alfabética. Este nível marca a transição do aluno da hipótese silábica para a hipótese alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada sílaba uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os fonemas.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Alfabética. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba. Agora, falta-lhe dominar as convenções ortográficas.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Alfabética. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba e também domina as convenções ortográficas.

http://revistaescola.abril.com.br/avulsas/teste-hipoteses-de-escrita-dos-alunos.shtml


Para ficar mais claro o assunto, segue alguns exemplos abaixo sobre as hipóteses de escrita:


• Nível 1: Hipótese Pré-Silábica;

[pré+sil´bico.jpg]

- Não estabelece vínculo entre fala e escrita;

- demonstra intenção de escrever através de traçado linear com formas diferentes;

- usa letras do próprio nome ou letras e números da mesma palavra;

- caracteriza uma palavra como letra inicial;

- tem leitura global, individual e instável do que escreve: só ela sabe o que quis escrever;


• Nível 2: Intermediário I;

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem.
[prefoneticanome.jpg]

- começa a ter consciência de que existe alguma relação entre pronuncia e a escrita;

- começa a desvincular a escrita das imagens e os números das letras;

- conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.


• Nível 3: É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Hipótese Silábica;

[alfa+001.jpg]

- já supõe que a escrita representa a fala;

- tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras;

- já supõe que a menor unidade de língua seja a sílaba;

- em frases, pode escrever uma letra para cada palavra.



• Nível 4: Hipótese Silábico-Alfabética ou Intermediário II;

[pré.jpg]

- inicia a superação da hipótese silábica;

- compreende que a escrita representa o som da fala;

- passa a fazer uma leitura termo a termo; (não global)

- consegue combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons, sem tornar, ainda, sua escrita socializável. Por exemplo, CAL para cavalo.

É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. • Nível 5: Hipótese alfabética.

[preeeee.gif]

- compreende que a escrita tem função social;

- compreende o modo de construção do código da escrita;

- omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica;

- não tem problemas de escrita no que se refere a conceito;

- não é ortográfica e nem léxicaÉ possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. .

A alfabetização não é mais vista como sendo o ensino de um sistema gráfico que equivale a sons. Um aspecto que tem que ser considerado nessa nova perspectiva é que a relação da escrita com a oralidade não é uma relação de dependência da primeira com a segunda, mas é antes de tudo uma relação de interdependência, isto é, ambos os sistemas de representação influenciam-se igualmente.

Temos então a concepção que em geral se faz a respeito da aquisição da linguagem escrita, a que corresponde a um modelo linear e “positivo” de desenvolvimento, segundo o qual a criança aprende a usar e decodificar* símbolos gráficos que representam os sons da fala, saindo de um ponto ‘x’ e chegando a um ponto ‘y’.

O dia a dia apresentado pelos alunos que ingressam nas séries iniciais, mostra-se preocupante, considerando que a cada momento, o educador encontra-se diante de alguns obstáculos, principalmente quando se refere à leitura e suas interpretações. Essa dificuldade embora comuns, se difunde em outras, como interpretação de textos, ditado, cópia, etc..., o que numa linguagem atual se reporta às técnicas de redação. Entende-se que cada aluno apresenta sua dificuldade, alguns tem bloqueios para escrever, expressar suas emoções, falar, etc. Nesse contexto, o professor precisa estar atento a essas dificuldades, a fim de criar mecanismo para seu enfrentamento, reconhecendo que na fase inicial, a criança absorve o que lhe é repassado e incorpora valores que no decorrer da vida escolar, se contemporizam com outros, podendo gerar conflito ou dificuldades. É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem.

*Decodificar - Identificação e interpretação dos sinais linguísticos por um receptor (aquele a quem destinamos uma mensagem), sendo que na teoria da informação seria um processo em que o indivíduo que recebe uma mensagem traduz os sinais, em dados significativos, claros e elucidatórios.

http://acamim.blogspot.com/2009/12/hipoteses-de-alfabetizacao-segundo.html


Além de identificar é preciso intervir

A identificação dos níveis de escrita tem apenas uma função: mostrar para o alfabetizador qual a

hipótese dos seus alfabetizandos sobre o funcionamento da escrita para, a partir do conhecimento

revelado em cada fase, propor atividades que auxiliem no avanço das hipóteses. Vale a pena

lembrar, que os níveis não existem para rotular os alfabetizandos (discriminando- os, por meio de

expressões do tipo: “vamos formar o grupo dos pré-silábicos” ou “alfabéticos, por favor, ajudem

seus colegas silábicos!'), mas para que o alfabetizador conheça as dificuldades enfrentadas pelos

alfabetizandos e possa oferecer oportunidades para que cada um desenvolva sua aprendizagem.

Para pensar nas atividades que são mais oportunas para cada nível, o alfabetizador parte da seguinte

questão: “O que falta para este alfabetizando avançar do nível em que se encontra para o próximo

nível de conhecimento sobre a escrita?” Compreendendo o que falta em cada hipótese, fica fácil

escolher as atividades de acordo com cada nível. Vamos tentar!

O que é preciso para avançar do nível pré-silábico para o nível silábico

Na hipótese pré-silábica, o alfabetizando ainda não percebe que a escrita representa a fala e, por

isso, “escreve aleatoriamente”. Portanto, o primeiro passo na sua alfabetização é criar oportunidades

para que a pessoa perceba a relação entre fala-escrita e o uso do alfabeto como conjunto de

símbolos do código escrito:

· Aprendendo a escrever seu próprio nome e o nome de seus colegas;

· Analisando o som de cada sílaba desses nomes e tentando formar novas palavras com

essas sílabas (mesmo que isso pareça muito difícil). Ex: CA – MI - LA

· Relacionando as letras do seu nome com os nomes de seus colegas: quais deles

começam com a mesma letra? Que nomes terminam com a mesma letra? Quais deles

têm a mesma quantidade de letras? Qual o menor nome? Qual o maior nome?

· Acompanhando a leitura de um texto significativo (preferencialmente um texto curto, de

qualquer gênero: poesia, receita de bolo, mensagem de Dia das Mães etc.) e

identificando, posteriormente, palavras e sílabas.

O que é preciso para avançar do nível silábico para o nível silábico-alfabético

Na hipótese silábica, o alfabetizando já percebeu que a escrita representa a fala. No entanto, entende

que cada letra que utiliza representa um som falado, nem sempre de acordo com os fonemas da

palavra em questão. O que lhe falta, então, é compreender que o nosso sistema de escrita é

composto por combinações de letras que determinam o som lido.

Neste momento, o confronto da escrita do alfabetizando com o modo convencional de escrever se

faz muito necessário e pode acontecer por meio de exercícios de completar lacunas em textos com

posterior problematização do modo como as palavras foram escritas. Por exemplo, na atividade de

completar a primeira estrofe do Hino do Paraná, o educando talvez respondesse assim:

Entre os astros do __CZR___,

És o mais __BL__ a fulgir

PRN_____! Serás ___LZR____!

Avante! Para o __PV__!

A problematização deve ser feita sempre no sentido de levar o alfabetizando a perceber que o modo,

como está escrevendo, não corresponde à forma convencional da língua escrita. Assim, a partir do

exemplo acima, o educador poderia:

· Pedir que o alfabetizando reescreva as palavras no caderno e tente ler cada uma,

apontando quais letras correspondem ao som lido. Deparando-se com a dificuldade de

leitura desse tipo de escrita, convidar o educando a pensar sobre o que falta em cada palavra;

· Promover trabalhos em grupos para que o educando compare sua escrita com a dos

colegas. Por exemplo: fazer um cartaz ilustrando o Hino do Paraná, no qual a escrita

aparecerá e o educando em nível silábico verá como outras pessoas escrevem a estrofe

acima;

· Entregar a letra do Hino, preferencialmente impresso em letra tipo imprensa, para

que a escrita padrão seja comparada com a produção do educando, por ele mesmo;

· Utilizar o alfabetário cotidianamente para que o educando tenha sempre em mente e

em mãos o alfabeto à disposição. Isso ajuda a pensar sobre as letras que precisam ser

acrescentadas em sua escrita.

O que é preciso para avançar do nível silábico-alfabético para o nível alfabético

A hipótese que se tem neste período já é uma transição entre os níveis silábico e alfabético, e nela,

sabe-se que: a escrita representa a fala; não se pode escrever aleatoriamente, mas com as letras que

foram convencionadas ao longo da história da língua para representar cada palavra e que,

geralmente, é necessária mais de uma letra para representar cada emissão de voz (sílaba). Percebese,

enfim, que a palavra tem unidades menores que a sílaba: é o fonema (som) que pode ser

representado por uma ou duas ou mais letras.

Esse tipo de situação exige uma comparação constante entre o modo como o educando está

escrevendo e o modo como a língua determina que essas palavras sejam escritas

convencionalmente. E isso pode acontecer por meio de leitura (ouvir a educadora, os colegas e a si

próprio lendo) de textos com posterior realização de atividades de escrita com palavras extraídas

desse texto. Tomemos como exemplo uma sequência de atividades a partir do texto “Sem casa”, tal

como está no livro Muda o mundo Brasil, p.48:

SEM CASA

TEM GENTE QUE NÃO TEM CASA,

MORA AO LÉU, DEBAIXO DA PONTE

NO CÉU A LUA ESPIA

ESSE MONTE DE GENTE

NA RUA

COMO SE FOSSE PAPEL.

GENTE TEM QUE TER

ONDE MORAR,

UM CANTO, UM QUARTO,

UMA CAMA

PARA NO FIM DO DIA

GUARDAR O CORPO CANSADO,

COM CARINHO, COM CUIDADO,

QUE O CORPO É A CASA

DOS PENSAMENTOS

1. Copie do texto três palavras com duas sílabas. Escreva novas palavras utilizando a

primeira sílaba de cada uma das palavras escolhidas;

2. Copie do texto duas palavras com três sílabas. Escreva novas palavras utilizando a

última sílaba de cada uma das palavras escolhidas;

3. Escreva palavras que rimem com ponte, gente ou papel.


O que é preciso para avançar no nível alfabético

É chegado o momento de aproximar o alfabetizando da escrita ortográfica, conforme as regras que

regem nosso sistema de escrita. Neste momento, o alfabetizando já escreve alfabeticamente, isto é

compreende a escrita como transcrição da fala, mas ainda faltam informações sobre as regras que

regem o modo correto de grafar as palavras na Língua Portuguesa. Afinal, nem sempre se escreve

como se fala: escrevemos MENINO, apesar de pronunciarmos MININU ou MENINU, assim como

uma mesma palavra pode dar margem para sua escrita ser pensada de várias formas apesar de só

uma ser válida. Experimente de quantas formas dá para escrever alfabeticamente as palavras

EXCEÇÃO e POSSESSO. Nesse nível, o texto “Sem casa” proporcionaria os seguintes exercícios,

dentre outros:

· Procure no dicionário o significado das palavras GENTE e LÉU. Copiar a informação

encontrada e, em seguida, reelaborar o significado escrevendo sua própria definição dessas

duas palavras;

· Fazer um novo poema a partir da idéia que você considera mais importante no texto;

· Criar frases com as palavras RUA, QUARTO e CORPO;

· Escolher textos dos próprios alfabetizandos e, em grupo, reescrevê-los, melhorando a

ortografia e a pontuação. Utilizar o dicionário.

Para concluir

As sugestões apresentadas neste texto pretendem ser apenas um conjunto de pistas para que cada

alfabetizador encontre seu próprio caminho de como conduzir o ensino da língua escrita em sua sala

de aula, considerando o nível de conhecimento de cada educando. É bom lembrar que os níveis

podem se alterar a cada aula, em cada alfabetizando, e por isso as atividades diagnósticas devem

fazer parte do dia-a-dia para que o processo seja bem acompanhado pelo alfabetizador.. Um ditado

com palavras significativas, baseado no tema gerador que a sala está estudando, seguido de leitura,

feito uma vez por semana, já é suficiente para que o alfabetizador esteja sempre a par de como anda

o desenvolvimento dos seus alfabetizandos.

Por fim, nunca é demais destacar que, independentemente do material e dos encaminhamentos

utilizados pelo educador, a segurança com que realiza seu trabalho e a confiança que se tem na

capacidade dos seus alfabetizandos, reconhecendo-os como sujeitos de seu próprio aprendizado, são

os dois elementos mais eficazes para a garantia de que os oito meses de permanência no Programa

Paraná Alfabetizado serão um período de construção de muitos conhecimentos sobre a língua

escrita.

http://www.paranaalfabetizado.pr.gov.br/arquivos/File/Textos/texto%202.pdf

Um comentário:

  1. Professora Hellen, sou Fátima Gusso Rigoni, autora do livro Muda o Mundo Brasil. Fiquei feliz em perceber que o conhecimento que consta nos livros perpassam as folhas de papel. Obrigada por permitir contribuir com o seu blog.

    ResponderExcluir